Acordou pensando nela – a raiva e o ressentimento subitamente desfeitos. Aí decide: Neste Natal irei visitá-la.
Foi. Toc-toc... Toc-toc... Na terceira vez ouve o barulho dos chinelos.
E a porta se abre como uma flor, deixando entrever aquele parzinho de olhos azuis...
Ele (subitamente menino) sorri sem jeito para a idosa, retorce as mãos, não encontra as palavras – também, quantos anos ausente?
Ela, por sua vez, estreita mais e mais os olhos, quase não acreditando no que vê.
“É você, Leonardo?” a voz embargada finalmente sai; então abre um sorriso iluminado e vai reto nos braços do homem à sua frente...
Mãe! grita o homem amparando-a com desenvoltura.
...
Oh, Céus! Não!...
De emoção – ali mesmo, nos braços do filho – Dona Quinquina falece.
Coitadinha...
3. ESTRANHA PRESENÇA
É madrugada e ele está escrevendo o último capítulo do seu 13º romance, quando ela – pálida, de camisola e cabelos soltos – assoma à porta do pequeno escritório; silenciosamente, ela caminha até a poltrona em frente à escrivaninha do marido, senta-se e fica olhando ternamente para ele...
Ele finge ignorá-la no começo, mas a sua presença o perturba – e ele não consegue mais escrever.
“Saia daqui!”, diz ele encarando-a com os olhos chamejantes.
Ela sorri, apenas; depois murmura:
“Ah, João, eu te amo tanto!...”
Num ímpeto, ele levanta-se na intenção de pegá-la pelo braço e expulsá-la dali; mas desaba sobre a cadeira, acabrunhado: às vezes, se esquece de que a esposa está morta – pois não foi ele mesmo que a matou, um ano atrás, com dois tiros na cabeça?
2. TERROR E ÊXTASE
Tinha apenas doze anos quando viu o primeiro Sexta-Feira 13.
Naquela noite, foi para a cama com Jason Voorhees na cabeça.
Não, não era medo o que ela sentia.
Estava excitada.
Tanto, que se masturbou pensando no vilão do filme.
No dia seguinte, rabiscou na sua agenda:
“Aquele corpão!... Aquela máscara!... Ui!... Ai!...”
Sua amiga Ingrid viu o comentário e perguntou sorrindo se era o Zorro.
Ela mentiu, disse que era.
Com o tempo, adquiriu todos os filminhos sangrentos da série.
E assistia.
E se masturbava.
E ia dormir e sonhava sendo esfaqueada por Jason.
Às vezes ela achava tudo aquilo muito, muito estranho...
Mas se desculpava dizendo que ninguém é normal... não é verdade?
Naquela noite, foi para a cama com Jason Voorhees na cabeça.
Não, não era medo o que ela sentia.
Estava excitada.
Tanto, que se masturbou pensando no vilão do filme.
No dia seguinte, rabiscou na sua agenda:
“Aquele corpão!... Aquela máscara!... Ui!... Ai!...”
Sua amiga Ingrid viu o comentário e perguntou sorrindo se era o Zorro.
Ela mentiu, disse que era.
Com o tempo, adquiriu todos os filminhos sangrentos da série.
E assistia.
E se masturbava.
E ia dormir e sonhava sendo esfaqueada por Jason.
Às vezes ela achava tudo aquilo muito, muito estranho...
Mas se desculpava dizendo que ninguém é normal... não é verdade?
1. O ASSASSINO
Sim, meu nome é Jonhny – Tenho trinta e seis anos – E sou um assassino – Já matei dezoito – Meu primeiro crime foi aos dezessete – Uma velhota, nossa vizinha – A sacana vivia implicando comigo – Por causa do som alto – Das minhas roupas – Dos meus passos – Por causa de tudo – Um dia, empurrei a coroa escada abaixo – Nunca suspeitaram de mim – Depois foi a síndica, outra chata – Meu pai foi a décima vítima – Ou terá sido a décima primeira? – Não, foi a décima mesmo – A décima primeira foi a Gabi – Ela era minha namorada – A de quem mais gostei até hoje – Ela dizia que o nosso amor era eterno – Mas a puta me traiu com o safado do Dan – Aliás, ele foi o meu décimo terceiro “despacho” – A minha obra-prima – Esperei um bocado, não via a hora de acabar com ele – Mas eu soube preparar minha vingança – As pessoas bem podiam desconfiar – E você acha que eu sou louco de arriscar meu lindo pescocinho??? – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
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