Sempre
detestei os gatos. Desde pequeno os detestei. O motivo era um só: o barulho
infernal que eles faziam em cima do telhado. Diacho, por que não transavam em
silêncio? Pra que aquele escarcéu todo, como se quisessem que todo o mundo
soubesse o que estavam fazendo?Eu pensava comigo: algum dia, quando eu fizer
sexo com uma mulher, se ela vier gritando feito uma gata no cio, eu me levanto,
vou embora e nunca mais quero nada com ela! Era
assim mesmo que eu pensava. Eu tinha doze anos de idade. O tempo passou. Agora eu já tinha quinze. Mas ainda não tinha
mudado de opinião. Então
aconteceu. Uma noite, fui pro mato com Sandrinha, irmã de um amigo meu. Eu
nunca tinha sequer beijado alguém. Tudo que eu sabia de sexo vinha das aulas de
ciência (um quase nada!) e das revistinhas sujas que tomava emprestado da
molecada da vizinhança. Quando Sandrinha tirou a roupa, eu comecei a suar frio.
Bateu aquele desespero, e eu pensei em fugir dali pra bem longe. Mas aí
ponderei: e se a diaba resolver contar pras colegas? Com certeza vão dizer que
eu sou um frouxo... Por causa disso, tive de aguentar. Tirei a camisa, a calça
e me deitei sobre a minha parceira. Comecei beijando sua boca, e ela parece que
gostou, pois me abraçou forte e começou a gemer e supirar... Com certa
dificuldade, penetrei Sandrinha como tinha visto nas revistas. Ou como tinha
visto a bicharada fazendo no quintal... A danada começou a gemer mais forte... e
de repente começou a gritar que nem uma gata! Eu não quis nem saber. Me levantei,
vesti minhas roupas e fui embora sem nem ao menos olhar pra trás. Sandrinha ficou
sozinha no escuro, decerto sem entender patavinas da minha atitude. Meses
depois, em compensação, transei pra valer. Não com Sandrinha, claro. Com outra.
Foi um sexo silencioso, sem pressa, do jeito que eu sempre sonhara... Lembro
direitinho daquela transa, mesmo agora que já não sou mais nenhum jovenzinho...
Ops! Vou encerrar este continho. Sei que não conseguirei escrever nem mais uma
linha esta noite. São duas da manhã – e começo a ouvir passos leves no telhado... São eles, os gatos.
Daqui a pouco a esculhambação começa! Um verdadeiro inferno!!!
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